20 de novembro de 2011

O mundo está completamente interligado

Em tempos de final de semestre enlouquecedor, pequenos pontos sempre estão a se ligar. Veja o que aconteceu comigo, essas coisas sempre acontecem comigo... Só percebo bem depois. (Isso me lembra o discurso do Steve Jobs em Stanford)


Esses dias na Biblioteca Central estava procurando alguns livros bem despretensioso, quando de repente me salta aos olhos "Uma História Verde do Mundo", clássico da História Ambiental escrito por Clive Ponting, e eles estava no meio de livros que nada tinha a ver com ele. Que sorte a minha, peguei o livro.
Estou fazendo um trabalho sobre progresso e precisava de uma definição melhor, um dos poucos livros que tinha a mão era este. Peguei ele e dei uma procurada sobre progresso e achei uma citação legal que provinha do livro Political Justice, de William Godwin.
Com meu problema praticamente resolvido fui procurar mais sobre o autor inglês Godwin, e descobri que além dele ser um dos percursores do anarquismo, ele também era o pai de Mary Godwin (posteriormente conhecida como Mary Shelley), e Mary foi a escritora de Frankenstein! Eu adoro a história dela!
Fui dizer isso para a minha mãe, e até então não era nada de mais... Porém a minha mãe disse que estava lendo frankenstein, ai me caiu os butiá dos bolso. Que loucura esse mundo, como eu ia saber disso!?!

Mary Godwin Shelley
William Godwin



7 de novembro de 2011

Marie Curie



Hoje seria aniversário da Madame Curie (144 anos), nascida Marya tornou-se Marie na França, onde atuou. Descobriu elementos químicos; contribuiu nos estudos sobre a radioatividade; foi uma Dreyfusard; nasceu pobre e morreu pobre; ativista e símbolo do movimento feminino; foi mãe, esposa e heroína; trabalhou duro; enfrentou perdas, conquistou ganhos; Foi agraciada o Nobel duas vezes, a primeira pessoa a conseguir tal façanha e uma das únicas a ganhá-lo em duas categorias (física-química), sendo a primeira mulher a ganhar tal prêmio; era uma das únicas mulheres na academia e a mais expressiva de sua época; foi professora, governanta, aluna dedicada, professora universitária e enfermeira (durante a primeira guerra); Amou e foi amada.


Morreu devido a exposição a radioatividade, morreu por causa de seu trabalho.


Se a História fosse feita de Grandes Personalidades, Maria Curie deveria ser uma delas.


Marie e seu grande amor, Pierre

Diário de Marie Curie, sobre a perda de Pierre


"Pusemos-te no caixão sábado de manhã e fui sustentando tua cabeça. Depusemos os últimos beijos no teu rosto frio. Algumas pervincas foram para o caixão e também o teu retrato que tanto amavas... A estudantezinha tão ajuizada. Era o retrato que devia acompanhar-te ao túmulo, o retrato daquela que teve a felicidade de te agradar o bastante para que lhe oferecesse um lugar em tua vida, quando ainda tão pouco me conhecias. Muitas vezes me dizias que fora este o único momento em tua vida, que agiste sem a menor hesitação, com a absoluta convicção de estar certo. Meu Pierre. Creio que não te enganaste. A nossa união era inevitável.
Atulham a cova. Flores por cima. Tudo terminado. Pierre dorme na terra o sono derradeiro. É o fim de tudo, de tudo, de tudo..."



Kraftwerk sempre presente não?


1 de novembro de 2011

Trans Europe Express

Imagem da revista Seleções
A revista Seleções é/foi uma das revistas mais lidas do mundo, ela tem origem americana, mas é publicada aqui no Brasil a muito tempo. Eu estava folheando um exemplar de 1967 quando me deparei com uma matéria intitulada "A Elegância Volta aos Trilhos", vou transcrever aqui os trechos mais interessantes onde o escritor fala do renascimento dos trens de passageiros na Europa da época, os famosos TEE (Trans-Europe Express), a partir de uma viagem realizada por seu amigo executivo. Os TEE funcionaram entre 1957 e 1995 e chegaram a fazer viagens por dez países da Europa Ocidental.



Para começar a clássica música do clássico grupo alemão de música eletrônica Kraftwerk!

O texto é carregado de exaltações a modernidade e ao progresso, trazendo imagens idílicas da natureza. O autor inicia constatando que as pessoas não viajam mais de trem, elas preferem os rápidos aviões ou os eficiente carros. Ele ainda acredita que o fascínio das pessoas pelos trens já havia sido perdido, porém ele começa a ver as coisas a partir de outra perspectiva quando escuta uma história de seu amigo, "um corretor de bôlsa típico da era do jato, que pràticamente faz viagens diárias entre os Estados Unidos e a Europa." Entre parênteses estão comentários meus.

"Era um dia cinzento de inverno e o porteiro do hotel sugeriu que êle (o amigo dele, o tal corretor) tomasse um trem. Havia 10 anos que o meu amigo não viajava num trem europeu, e enquanto se dirigia para a Gare du Nord já estava arrependido da decisão que tomara. A perspectiva de uma longa viagem aos solavancos, em um compartimento empoeirado e cheio de gente descascando laranjas, era coisa que êle achava que não devia ter-se metido."

Gare du Nord
"Não poderia estar mais enganado. A primeira indicação que teve foram as pessoas. Pareciam passageiros de jato (!). Caminhando apressadamente pela plataforma havia mulheres com casacos de leopardos, cavalheiros com pastas de couro de crocodilo. Depois o próprio trem. Os vagões, de um vermelho brilhante, estendiam-se pelos trilhos como um dragão rutilante."

"O trem pôs-se em movimento. Suavemente. Sem ruído. Em poucos minutos corria a 145 km/h, através da paisagem plana do Norte da França (em direção a Bruxelas, na Bélgica). Não se ouvia o ruído característico das rodas; os trilhos tinham sido soldados nas junções, ..., o trem além de ter ar condicionado, era à prova de som." (!!)

Ciclistas do Tour de France percorrendo o norte francês.

"Acomodando-se, êle (o amigo) apertou um botão para ajustar a poltrona. Um outro botão fês subir a veneziana entre as duas imaculadas janelas de vidro (Meu Deus, que descrição!). Nevava lá fora, mas no interior do trem estava extremamente agradável - nada parecido com aquêle compartimento barulhento e pobre que êle esperara." (Soa como uma propaganda para o TEE, não é? Mas também é propaganda para os brasileiros, é o sonho do luxo europeu)

"Quanto as cascas de laranja, ..., foi-lhe apresentado um menu. Êle pediu alcachôfras ao vinaigrette, um tournedos béarnaise, champignons, pomes soufflées e uma salada - tudo regado com uma garrafa de St.Emilion."

TEE clássico, pintado de vermelho e creme.

Logo em seguida são destacados a eficiência do transporte, que não parava na fronteira do país, pois havia fiscalização e funcionários da alfândega dentro do veículo e trabalhavam durante a curta viagem. O amigo do escritor chegou a Bruxelas depois de 2 horas e meia (hoje de carro tu faz o trajeto em mais de 3 horas), percorrendo 300 km e gastando 60,90 francos franceses (nem imagino o quanto isso vale hoje). 

"Os telefones são equipamento-padrão. Há pouco tempo um passageiro que viajava pela Baviera levou quatro minutos e meio para fazer uma ligação telefônica (!!!!!) com Los Angeles, Califórnia."

O autor começa a destacar alguns empecilhos, como viagens muito longas não são tão bem vistas e outros problemas internos e decisões unilaterais. Até que ele volta a elogiar o serviço com a seguinte frase: "Mesmo com uma coordenação tão limitada, o TEE cresceu como uma tulipa na primavera" lol

Por fim, o próprio autor relata sua experiência com a companhia de viagens, ele comprou um ticket que deu permissão de viajar por uma temporada de forma ilimitada, até parece propaganda de celular né não? Nessas  andanças pela Europa de trem - que inveja - ele faz odes aos locais conhecidos e as pessoas e trabalhadores fantásticos que conheceu e destaca que assim como o TEE europeu, ideias semelhantes começam a retomar as velhas ferrovias, tanto no Japão quanto no Canadá, e até nos Estados Unidos...

Capa do disco do Kraftwerk, que sempre utilizou elementos da modernidade em suas canções, no primórdio da música eletrônica.